quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Para lá da névoa

Aos que arriscam,


Há um barco parado na praia e lá longe a névoa que fecha o horizonte.
Há homens, mulheres e crianças que embarcam, que arriscam e se perdem na névoa. Há os que chegam, os que voltam e os que se perdem para sempre. Alguns aparecem nas notícias do mundo e de outros nunca mais se sabe.
É (às vezes) desses que arriscam que me lembro quando tento ver para além da névoa, que fecha o horizonte em Dakar.







Uma névoa que, por vezes, se estende pela cidade, que leva o azul do céu, que o torna quase branco. A mesma que lhe devolve o sol e o luar.






A névoa que cobre as costas a Monsieur Senghor. O primeiro presidente, o poeta que, de costas para o mar, fita o olhar na cidade.
A névoa que realça arte que se estende pelos passeios, que se junta ao vento e empurra os desportistas do início ou de fim de dia.







































Ei-los que arriscam de frente para o mar, de costas para terra. Ei-los que sabem o que está para além da névoa.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Dakar, onze quilómetros e um bocadinho

para ti que te perdes dentro de ti,

Foi há tanto tempo, que já me perdi nos passos por Dakar. Olho o mapa e tento recordar-me dos caminhos.








O caminho havia começado quase um quilómetro antes do início da contagem e o objectivo era simplesmente "contar quilómetros" em dia de domingo.
Ponto de encontro: Hospital de Fann.


Seguir o caminho de Mermoz para encontrar uma gelataria entre o casario. Saborear o gelado, fixar uma livraria fechada  e seguir caminho por caminhos desconhecidos até avistar o mar.
Sentir o calor do alcatrão e pensar de quem teria sido a ideia de ter calçado chinelos, especialmente sem hidratar os pés.
Paragens para comprar água ou simplesmente para fotografar a "cidade que subia", perceber como chegar mais perto da mesquita e tocar o mar.








Descer escadas e mais escadas, cruzar pescadores em terra e esperar pelos que chegavam da faina e eis que o senhor pelicano se aproxima e se deixa fotografar no meio da sua timidez.







O sol ia descendo lá longe, era hora de sacudir a areia e seguir caminho até ao controverso Monumento da Renascença. Não valia a pena entrar, pois a névoa não deixava ver muito mais para além "da ponta do nariz".









O sol continuava a descer, enquanto as pernas desciam as escadas do caminho de regresso.






Pelos bairros a agitação das gentes e dos mercados de rua. Pelo caminho uma paragem para pão, bolos e fruta. O sol desceu mais um pouco, mesmo a tempo de negociar o táxi e voltar a casa.

Ponto de desencontro: perto do Hospital de Fann.

Quilómetros contados e descontados:onze e um bocadinho e um pouco mais de Dakar no olhar.