sexta-feira, 24 de junho de 2016

Saint-Louis do Senegal

para as companhias de viagem




Férias, sair, ficar, ficar, sair. Na roda dos verbos decidi conhecer o Senegal nas primeiras férias. Saint-Louis foi a escolha. Pesquisas na internet, voltas no guia de viagem, pergunta aqui pergunta ali, estava encontrado o contacto para o transporte e a reserva de alojamento feita.
Chegado o dia e como qualquer transporte menos oficial uma voltinha por Dakar foi totalmente garantida. Hora de saída: duas depois do previsto.
A barriga começava a dar sinais de fome e o umbigo transformava-se em ponto de interrogação: comer, não comer, beber, não beber, oferecer, não oferecer. Esta alternância de verbos surge na dúvida do começo do Ramadão: uns diziam que começava nesse dia outros que começaria dali a dois dias. Na dúvida oferecesse ouve-se não e está tudo bem como se fosse sim.


A viagem continuava e como em qualquer viagem por terras de África havia que fazer compras. Manga de compras, compras de mangas, já que é tempo delas. A viagem seguia o ritmo da viagem. Por entre estradas de areia, o primeiro passageiro era deixado perto de casa. De volta ao alcatrão a rota continuava até que um pequeno barulho de ouviu e um dos passageiros aconselhou uma breve paragem para confirmar se estava tudo bem. Resultado um pneu furado, um macaco mal posto, Carro "todo no chão".
O dia ia terminando, a noite chegando. A lanterna e os telemóveis ajudavam a fazer luz. Quatro mãos solidárias ajudam retirar a areia e as pequenas pedras, um macaco hidráulico aparece para ajudar o outro e voilá, pneu trocado.
Mãos limpas seguimos viagem. Perdidos entre ruas encontramos os alojamento na Île de Ndar.
Deixamos as malas e saímos para jantar ente conversas de histórias passadas.




 





Fomos por um lado e voltámos por outro, ao som das conversas de enamoramento de um guarda. O corpo pedida banho, o corpo pedia repouso na cama até ser manhã ou até a mesquita começar a chamar para a oração.

O pequeno-almoço no terraço trazia o primeiro olhar sobre Saint-Louis: os barcos coloridos no rio, a ponte para a Guet Ndar.
Os pés pela areia ou pelo alcatrão descobriam casas coloridas, algumas com pinturas já gastas pelo sol. A cada passo dado um artista convidava a entrar na sua loja ou a ver a sua obra exposta na rua, em cada olhar em cada esquina uma novidade, uma chamada de atenção, uma oferta para um lugar turístico com os mais diversos items incluídos: passeio no rio, peixe assado, banhos de mar. O preço seria negociado e um pouco dependente do número de aventureiros.



 


Na dúvida a escolha recaiu sobre o Syndicat d'Initiative, o turismo oficial, com guias oficiais.
Na região há vários parques que se podem visita e também se pode optar por dormir uma noite no deserto, mas como o ditado diz que "tempo é dinheiro", o tempo e o dinheiro escolheram visitar La Langue de Barbarie. 
La Langue de Barbarie é uma reserva natural a cerca de 25km de Saint Louis. De barco acede-se ao lugar de migração de aves de vários nomes e depois de uma pequena caminhada é possível tomar banho no mar.




 





Para mim que um dia disse que não gostava de pagar para ver animais, que tal não era prioridade para mim, para mim que tenho uma certa fobia a barcos dei comigo a deliciar-me no cruzamento do olhar com os pássaros escondidos, com aqueles que voavam, com os que se faziam ouvir num coro indescritível ou mesmo com a água semi-salgada, que o vento fazia questão de depositar no meu rosto e de me molhar a roupa.
O ditado diz "pela boca morre o peixe" e eles saltavam nas águas e recordavam-me o "nunca digas nunca" (se um dia enviar uma carta de um safari será mesmo verdade que o fiz, ainda que...).
Pelo caminho de volta e de regresso é possível ver uma extracção de sal, um mini, mini Lac Rose (não o "verdadeiro"), flamingos e outras aves familiares, famílias de macacos e de uma "espécie prima" dos javalis.


 

 




De volta a Saint-Louis era tempo de almoçar e testar a "creperie". Um daqueles lugares simples, com uma oferta de crepes de comer e comer mais. De se deixar levar pelas ruas, de deixar massajar o corpo até perto da hora do jantar.
No dia seguinte seria tempo de voltar a Guet Ndar, uma outra ilha, em busca de uma praia ou de uma piscina para banhar os corpos.



 





Este percurso de cerca de 5km revela a vida de um lugar piscatório: as redes que se remedam, os barcos que chegam cheios de peixe, os vários transportes que o levam para mais longe. Revela um lugar em tempo de Ramadão: as orações, a tradição, os "mouton" grandes e pequenos pela rua a acompanhar carros e caleches que formam o engarrafamento.



 
Os corpos dourados voltariam à cidade para novas descobertas junto ao rio, para massajar a alma e para o jantar gourmet.




 
 A manhã era de regresso à capital, para trás ficava um lugar ligado por um colorido de barcos e casas, um lugar com um forte cheiro a rio e a mar e a tudo que lá pode ir parar. Um lugar cheio de arte e de criatividade.


segunda-feira, 6 de junho de 2016

A Praia

para as praias do mundo,







 
A praia é lugar de domingo e às vezes de semana. A praia tem uma porta que se abre para o mar. Por ela entram gentes de todo o mundo que se sentam para almoçar, que se deitam para bronzear, que se atrevem a banhar, a surfar, a "padelar".
 


Mas também o lugar onde estranhamente se lavam cabras e bodes, que resistem até ficar brilhantes, que saltam do sol para atender ao balido resistente das submergidas.


 


A praia é cheia de segredos, tesouros e visitantes inesperados. E às vezes as rochas transformam-se num relvado onde não dá para jogar futebol.
 
 






Deixa-se percorrer por vendedores de tudo e mais alguma coisa, que param, que chamam a atenção, que olham fixamente os corpos bronzeados, que pacientam, que tentam regatear a curiosidade dos preços.




Praia é assim, um lugar pequeno com rochas que se estendem até longe no mar. É sempre um lugar para voltar, para estender e meditar.