terça-feira, 30 de maio de 2017

voltar a Maputo

para os lugares que são casas,


 

Voltar a Moçambique é sempre uma espécie de regresso a casa. Não te sei explicar porquê a sensação de bem-estar é boa.




 Tenho voltado em trabalho, visitado amigos pelo caminho e pelas suas mãos descoberto a pouco e pouco a cidade ou melhor os lugares de estar, de encher os olhos e o estômago.





Em cada visita Maputo vai apresentando pequenas mudanças, os passeios vão sendo passeios e as casas vão ganhando cor.

Na marginal crescem prédios grandes com vista para as águas que ladeiam a cidade. A ponte que ligará as duas margens vai ganhando pilares e tabuleiro.
Maputo cresce e ganha cor. 



segunda-feira, 1 de maio de 2017

fim-de-semana em viagem

às fugas de fim-de-semana,




Ele estava lá no calendário, o fim-de-semana de Páscoa. A ideia de sair ao seu encontro vinha sendo alimentada, mas a escolha do destino não estava fácil dentro do grupo. Entre ausências e desistências tudo se acertou no último minuto: de Dakar a Toubacouta com paragem na Somone e Sally pelo caminho.

Na chegada à Somone o sol já se ia escondendo e até à hora de jantar não faltava muito. Como um dia de trabalho para trás e uma viagem desconhecida a opção foi mesmo comer um peixe grelhado na borda do mar. A mesma que serviria de cenário para o pequeno-almoço, não sem antes assistir à dança matinal de sedução dos pavões.




Barrigas forradas, malas arrumadas partimos em busca de um café expresso e de aves. A busca pelo expresso não foi bem sucedida. O mesmo não se pode dizer das aves que habitam os canais dos mangais - ao longe as mulheres atravessam o rio, com baldes de ostras na cabeça.


 


Perco-me no nome das aves: herón cendré, pelicano, ... tantos, tantos e chegamos ao babob sagrado repleto de conchas. Descemos para pedir um desejo e deixámo-nos seguir viagem pelas águas...
Nas margens gentes quotidianas a tratar das ostras ou dos afazeres dos restaurantes numa língua de areia.

De volta a terra a viagem continua em busca de almoço: Sally, um outro mundo para onde muitos fogem ao fim-de-semana.
A viagem continua, a paisagem vai perdendo a aridez para se tornar mais verde. A temperatura vai aumentando. As mangas vão enchendo a berma da estrada. A velocidade reduz-se no cruzar com manadas de vacas ou um ou outro macaco.


De olho de guia de viagem e na estrada, encontrámos a grande mesquita, mesmo à entrada de Kaolack, continuámos estrada em busca da mesquita azul, mas só encontramos a verde. No outro lado da cidade o Instituto Francês integra-se na atmosfera e depois de um refresco e dois dedos de conversa de viajante no Brasero seguimos viagem.


Salinas, vistas dos quotidianos dos habitantes, pequenos aldeamentos, verde, mais verde mais florido, estradas quase vazias, estradas quase cheias, rectas, um buraco inusitado e Toubacouta.

O hotel é dedicado aos amantes de caça e de pesca - nenhuma das nossas intenções. Assim, deixamos os corpos cansados entregues ao pôr-do-sol e a peixe grelhado.




O pequeno-almoço encheu-se de buganvílias e de pássaros. O dia encher-se-ia de descobertas de locais próximos e rio a fora chegar até Missirah para ouvir histórias sobre o grande Fromager. O guia um pouco desguiado foi-se enterrando aqui e ali no bancos de areia com um sorriso e uma expressão de quem diz "tudo se resolve". Melhor era não pensar e deixar a ida a Sipó para o dia seguinte.





Dizia-se que havia lá uma rainha com poderes místicos por, em tempos, ter ajudado uma estrangeira a dar à luz sem possuir conhecimentos para tal.





Depois da missa em Sokone e com um guia mais experiente e sabedor do rio chegámos  Sipó depois de comer ostras frescas, saber mais coisas sobre as mulheres que as colhem e sobre as aves que por ali passam.



Sipó é um lugar pequeno, daqueles em que há um professor e uma escola primária e onde uns italianos têm um restaurante. Estende-se para lá do rio com casas feitas de "cimento" de casca de ostra e de telhado de colmo ou zinco. Diz-nos o guia que o que por lá existe é obra de estrangeiro.



Entramos na casa da rainha, que acomoda uns quantos membros da família, ouvimos histórias e ela pede fotografias, partilha caju torrado e tenta vender-nos mais para a viagem. A rainha agradece a contribuição e abençoa-nos a vida nuns quantos beijos e abraços.




Era hora de almoçar e fazer pneu à estrada.
A ideia era seguir um caminho diferente cruzando o rio de barco. Seguindo conselhos, ligámos para saber se havia lugar. Uma paragem para comprar mangas e lá estávamos em Foundiougne à hora exacta de partida.

O caminho ia-se enchendo de um fim de tarde movimentado. Uma paragem e estávamos de volta a casa e à rotina dos dias.

Foi boa a Páscoa.